A Associação Autocaravanista de Portugal – CPA, atualmente com um milhar de associados ativos, correspondendo a mais de 60% dos autocaravanistas portugueses associados, mantém parcerias com 120 entidades nas mais variadas áreas ligadas a diversos setores.
Temos ao longo de 30 anos acompanhado a evolução do autocaravanismo, setor de atividade que desde o seu início nunca parou de crescer, defendendo a prática de um autocaravanismo responsável, liderando o incentivo às boas práticas, quer cívicas quer ambientais, pugnando, com ações concretas, pela não discriminação do cidadão autocaravanista e pelo cumprimento do Código da Estrada no que ao veículo autocaravana concerne.
A nossa Declaração de Princípios e a Cartilha do Autocaravanista, que subscrevemos e defendemos, espelham a política do CPA no equilíbrio entre os direitos dos autocaravanistas e os da sociedade.
Desconhecemos quais os critérios para que uma estrutura de apoio ao autocaravanismo seja incluída na Rede de Acolhimento ao Autocaravanismo na (RAARA) mas verificamos os seguintes factos:
- A maioria das instalações são Parques de Campismo já existentes há anos e que por terem sido obrigados a ter uma Estação de Serviço para Autocaravanas (ESA) entraram na rede, alguns deles com capacidade reduzida para o acolhimento de autocaravanistas por estarem já parcialmente ocupados por bungalows e residentes permanentes, além do acolhimento de outras formas de turismo de ar livre. Acresce a este facto que a grande maioria não disponibiliza a ESA apenas para quem está em trânsito e precisa de fazer a manutenção. A nosso ver uma política que contraria as preocupações ambientais sobre este tipo de turismo.
- Verifica-se que 16 dos 30 locais pertencentes à rede são Parques de Campismo. Das que não pertencem à rede de Parques de Campismo verificamos:
- O Parque Rural de Odelouca não tem uma ESA, mas uma fossa para despejos da cassete química.
- O Parque de Autocaravanas da Manta Rota apenas está aberto para servir estrangeiros, pois fecha de 15 de julho a 15 de setembro e volta a ser o parque de estacionamento que realmente é.
- O Parque de Campismo dos Serviços Sociais da PSP está sujeito ao regulamento de admissão para as estâncias de férias da PSP o que é o mesmo que dizer que também será para servir estrangeiros em época
- O parque do rio em Silves está fechado em julho e Mais uma vez é para estrangeiros.
O que nos deixa dez locais da RRARA dedicados exclusivamente ao autocaravanismo durante todo o ano.
Os autocaravanistas portugueses não reformados e que contribuem com o seu trabalho para o país são discriminados no Algarve.
Autocaravanismo é uma modalidade em forte crescimento, de turismo itinerante, com forte implementação em toda a Europa, cuja característica fundamental a ter em conta é a sua mobilidade, o que lhe confere a grande diferenciação em relação ao campismo.
Numa região em que se vende sol e mar é natural que os parques afastados da costa sejam os menos frequentados. Tendo em conta que a autocaravana é o veículo de transporte do autocaravanista é impossível impedir a sua mobilidade pelo que as limitações à sua circulação e estacionamento, para além de ilegais, serão sempre contrariadas pela realidade deste tipo de turismo. Não se pode ver o autocaravanismo como uma atividade que pode ajudar a resolver a questão da sazonalidade da região, que anima o comércio local, que pode trazer novos recursos financeiros às autarquias, e depois tentar afastá-lo restringindo a sua circulação.
Existe também mercado neste segmento de turismo para o interior, mas se de fácil acesso a transportes públicos potenciaria a sua ocupação.
Já em 2008 a CCDR-Algarve no seu relatório de caracterização e estratégia para o acolhimento do autocaravanismo concluía entre outros aspetos o seguinte:
– Com efeito, e como se demonstra exaustivamente no presente trabalho, a mera existência dos Parques de Campismo está longe de atender às necessidades do autocaravanismo… (pág97)”.
– A remissão do autocaravanismo para o interior, sendo implícita a ideia de o afastar do litoral, não virá contribuir para a resolução do problema, mas perpetuá-lo (pág.100)”.
Os relatórios da RAARA até novembro de 2017 (após essa data deixaram de ser publicados) vêm ao encontro das conclusões da altura.
A Associação Autocaravanista de Portugal – CPA, antigo Clube Português de Autocaravanas, colaborou no relatório, disponibilizou a análise do relatório e sempre demonstrou abertura para a resolução de problemas que este tipo de turismo possa causar. Entendemos, no entanto, que sol9uções existem na sua maioria aplicando a lei vigente, como é o caso de situações de campismo fora dos locais autorizados para tal. Mas obedecendo também à lei vigente e ao Código da Estrada nada impede a pernoita dentro de qualquer veículo nos locais de estacionamento legal.
Estamos sempre disponíveis para soluções em que o autocaravanismo possa entrar em conflito com os interesses da sociedade em geral.
A Direção
